O que se leva desta vida:
- Reflexão sobre a Morte:
Hoje, enquanto arrumava o meu quarto, encontrei antigos cadernos com vários textos escritos por mim, à algum tempo atrás. Sorri ao ler vários deles, descobrindo erros que agora (ou no futuro), eu tenho certeza que apenas por pura distração os cometeria.
No meio desses caderno encontrei um teste solicitado por uma Professor de Língua Portuguesa, que eu tive no meu 10º ano. Esse havia sido o único teste que eu tinha guardado comigo e como tudo na vida, esse acto cometido por mim possuiu uma razão de acontecer. O tema deste teste que vos falo era "O que se leva desta vida" e o texto principal tinha sido escrito pela grande Alice Vieira, escritora de "De que são feitos os sonhos?".
Reli todo o texto da autora (o qual considero magnifico), salientando agora os vários excertos que se irão remeter ao meu post:
"Quando começa a cheirar a Carnaval, lembro-me sempre do tio Duarte. (...) Há muitos anos que não vejo o tio Duarte, que sempre foi uma paz de alma. Mas no Carnaval lembro-me sempre dele.
- O meu irmão Duarte morreu.
Ainda oiço a minha mãe a anunciá-lo, depois de um sábado de Carnaval."
Depois desta "análise" concentrei todas as minhas atenções no Grupo III, o meu preferido e o da dita composição. Esta pedia que relembra-se um episódio que me tivesse marcado no passado e que o regista-se em 200 palavras. 200 palavras? A sério? Para uma "aspirante a escritora", 200 palavras é principalmente a minha introdução. Agarrei no que tinha escrito, sorri e após beber mais um pouco do meu café, iniciei a leitura da minha "obra".
"Repensei em episódios que me marcassem e, apesar de não ser o mais intenso a nível de falecimentos sinto que teve uma grande influência na transformação deste ser em que me tornei.
Quando era pequena frequentava a zona de Aveiro, onde tenho muita família. Sempre que lá estava visitava um parque, perto da casa da minha avó, (principalmente com ela).
Um dia, eu conheci lá um menino chamado de Neves. O "Neves" era apenas o apelido de família dele, sendo o seu primeiro nome, Mário.
Aquelas foram as férias mais divertidas da minha vida, enquanto criança e as únicas recordações que tenho desse tempo mas, infelizmente, eu tive de voltar para o Porto.
Lembro-me sempre que o maior anseio do Neves era "ser melhor do que o Figo". Algum tempo depois reencontrei-o. Apesar de ter passado muito tempo, ele continuava o mesmo menino que eu conhecera. Ele jogava no campeonato em que o meu pai tinha a sua equipa de Futsal a jogar e, apesar de sermos adversários, o Neves estava no seu auge e brilhava como uma verdadeira estrela.
Na verdade, ele era mais velho do que eu e conseguiu rapidamente realizar-se e estabilizar-se cá no Porto. Ele tinha uma casa em Gaia, onde vivia com a namorada. Ele estava realmente feliz e eu sentia-o, sempre que lhe via aquele brilho nos olhos, o mesmo que tinha visto nas nossas férias e que ele trazia quando era mais novo.
Apesar de adorar Futsal, eu fui "obrigada" pela ausência de disponibilidade a deixar de frequentar os pavilhões, onde ocorriam os jogos. Um dia, a sua imagem invadiu repentinamente a minha mente.
- Pai, tu tens visto o Neves?
- Por acaso à duas semanas que não sei nada dele...
Fez ontem uma semana que encontrei a mãe dele mas infelizmente, ela não parecia a mesma mulher. Ela estava aparentemente esgotada. O maior choque apareceu quando lhe perguntei por ele. Ela respondeu-me que estava admirada de eu não saber o que se tinha passado e salientou que "ele havia partido à uma semana". Não podia acreditar naquilo que ouvia. Ele era tão novo e tão bonito... Sempre me senti encantada pelo brilho daqueles olhos verdes que ele tinha.
Voltei a casa descontrolada e contei o sucedido ao meu pai, que correu a informar-se, junto com os seus companheiros de Futsal. Era mesmo verdade... Lembro-me de um deles me trazer um jornal. Abri naquela seçcão que traz as fotografias de todos que já não voltaremos a ver fisicamente e, como era esperado, ali estava a foto dele, dizendo: "Missa do Sétimo Dia, Mário Neves."
Ele havia tido um acidente de viação fatal."
Assim terminou a minha composição e assim termina também o meu post.
Conclusão: Quero dedicar este post a todas as pessoas que eram importantes para nós e que já não se encontram no chamado "Mundo dos vivos".
Onde quer que estejas, eu espero que te sintas orgulhoso da pessoa em que me tornei e na mentora de Futsal que sou, desde esse dia em tua homenagem.
Espero também (sinceramente) que consigas encontrar aí a Avó, a NOSSA avó e espero que nunca se esqueçam que vos adoro do fundo do meu coração. Hoje ainda, vocês sabem que sempre que preciso de alguma coisa vos utilizo muito...
Este post é principalmente para vocês os dois!
A autora,
D.