Fecho os olhos.
Sentada aqui respiro fundo. Este é o cheiro característico que juntos sentiamos. Dia após dia, vezes sem conta...
Analisando bem, o som das ondas está mais calmo; a areia parece-me agora também mais escura. Parece que desde que te foste embora, tudo passou a sentir a tua falta... Inclusive eu, confesso.
O mar... Foi o mesmo mar em que frente a frente passamos horas a conversar; talvez dias até... Confessamos coisas um ao outro que mais ninguém sabe. Abro os olhos e ao meu redor já nada está como dantes. Agora, eu sinto uma profunda sensação de vazio. Falta-me algo...
Falta-me algo mais do que essencial. Faltas-me tu... Tu, aqui ao meu lado, como sempre foste e como sempre prometes-te que serias.
Eu estou cá. Estou exactamente onde sempre estive, sendo exactamente o que sempre fui. Mas e tu? Tu não.
Sei que voltaste a seguir o teu próprio caminho mas, eu também sei que nunca esquecerás onde me podes encontrar quando tudo voltar a dar errado. Não te prometo que me encontres. Pelo menos, eu não te prometo que me encontres. Pelo menos, eu não te prometo que me encontres exactamente da mesma maneira que me deixaste.
Apesar de me fazeres falta, eu prometo-te que espararei até ao máximo que conseguir mas lembra-te que também eu tenho limites e poderei, se demorares a escolher, encontrar alguém mais completo, que se entregue totalmente e que me assuma, sendo melhor do que tu algum dia foste na minha vida.
Fecho os olhos.
A autora,
D.