segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Pai.

Pai.

Escrevo-te esta carta pois sei que não a leras nunca mais. Não podes!
Desculpa... Desculpa de todas as vezes que não fui capaz de dizer que te amo, de todos os abraços que por infantilidade não fui capaz de te dar antes de partires. Se alguma vez te falei torto ou se resmunguei sem razão, se alguma vez te desiludi com escolhas ou opções que eu tenha tomado. Desculpa!
Eu senti sempre, desde que estavas ali, que no momento em que te visse, que te desse um beijo ou um abraço seria como uma despedida e eu... Ai eu! Não te podia deixar ir. Não podia!
Tenho saudades tuas como todos os filhos sentem dos pais que já partiram, um dia. Eu sei. Sei de consciência tranquila que fiz tudo para te ver sorrir e que sempre procurei em ti, um sorriso de orgulho. Agora talvez seja tarde... Talvez!
Sei também que se estivesses aqui, tudo seria diferente... Tenho os mesmo defeitos de sempre pois há coisas que não mudam. Só mudou uma coisa, não te ouço mais aqui, não vejo mais a tua figura na porta do meu quarto, na mesa de jantar nem no sofá da nossa sala... Vazio é o que se sente, inclusivemente eu próprio.
Vivo num mar de problemas que tento, a todo o custo transformar em mar de rosas... Não posso!

Pai,
Gostava que a conhecesses. Gostava que visses o seu sorriso, que visses como o primeiro olhar dela me cativou e de como todos os dias me faz o Homem mais feliz do Mundo.
Sei que no fundo também ela gostaria de te conhecer e sei que no seu íntimo te diria coisas lindas sobre mim e em como deverias ter orgulho do Homem em que me tornaste. Infelizmente,
ela não pode!

Lamento.
Lamento que não consigas ver o Ser que cresce junto a mim. Hoje, ela aprendeu outra palavra: "Pai".
Uma lágrima rolou o meu rosto e lembrei-me de ti. Como eu gostaria que estivesses aqui mas infelizmente partiste cedo demais...

Obrigada.
Obrigada Pai pois se não fosse tudo aquilo em que me tornaste, hoje eu seria um mero vagabundo, sem ninguém e perdido por não te ter aqui, junto a mim.

A autora,
D.